Conjunto não contém calçadas e tem mato crescente, com ratos e baratas. Já comerciantes esperam por estrutura para trabalhar
Moradores do Jardim Real, no Bolsão 9 – construído com recursos do
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em 2008, para abrigar
quem vivia no extinto Jardim São Marcos –, convivem com uma situação, no
mínimo, desanimadora. Enquanto veem os edifícios do Programa de
Recuperação Socioambiental da Serra do Mar sendo erguidos logo ao lado,
pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), com
plena estrutura, são obrigados a residir em um conjunto – sob
responsabilidade da Prefeitura – com diversos problemas, como falta de
iluminação e local apropriado para comércio.A ausência de calçada, com o mato crescente – a informação é de que há dois meses não há roçada naquela área – aparece como o mais visível indício de descaso com os habitantes. “A gente queria calçamento no nosso bairro”, reivindica a costureira Josefa Maria do Nascimento, dizendo que preferia o lugar de onde veio. “A população não aguenta mais. Apesar de morarmos numa favela, como falam, somos seres humanos. Hoje está pior do que era no Jardim São Marcos”.
Outro problema, segundo os moradores, é a falta de iluminação na área interna do conjunto, entre os edifícios. “Aqui pode acontecer qualquer crime, como estupro”, alerta Jarbas Vieira da Silva, secretário da Comissão pelo Desenvolvimento de Cubatão, apontando ainda a falta de sinalização nas ruas do bairro. “Não há placas de trânsito ou faixas de pedestres aqui”, reclama, lembrando que, pela ausência de passeio público, é normal ver crianças indo para a escola pelo meio da rua.
Durante a reportagem, também foi possível observar diversos problemas nas estruturas dos prédios, como rachaduras e umidade, além de uma infestação de ratos e baratas que se proliferam no matagal e nas entradas de esgoto, invadindo constantemente os apartamentos.
Comércio
Diferentemente do que ocorreu no projeto da CDHU – no qual os moradores que possuíam comércio nos bairros Cota foram contemplados com unidades providas de área para exercerem a atividade –, o Jardim Real ficou sem estrutura para os comerciantes. José Feliciano Rocha Filho, que vendia peixes e salgados no Jardim São Marcos, diz que foram prometidas pela Prefeitura estruturas com 20 metros quadrados, dentro do conjunto, para o exercício da atividade. “Estou vivendo de bicos há quatro anos. Sem isso, não temos como ganhar o pão”, lamenta.
Quem também cobra uma solução para o caso é Luiz Carlos Moreira Silva, que possuía um bar antes de ser transferido de bairro. “Prometeram quiosques aqui. Até hoje estou desempregado”, conta.
Prefeitura
De acordo com a Prefeitura, Bolsão 7, Bolsão 8 e Bolsão 9 terão uma equipe permanente para realização de roçada e, a partir da segunda-feira, dia 19, o serviço será realizado na área do Jardim Real. Quanto à implantação de calçadas, foi informado que “a Secretaria de Manutenção Urbana e Serviços Públicos já expediu ordem de serviço para que a Cursan [Companhia Cubatense de Urbanização e Saneamento] execute a obra. A empresa está programando a execução do serviço”.
Em reação aos insetos, a promessa é de que, até terça-feira [dia 15], o Serviço de Veterinária e Zoonoses fará um diagnóstico indicando as ações que deverão ser realizadas para diminuir a presença destes. Sobre a ausência de sinalização de trânsito, a CMT (Companhia Municipal de Trânsito) informou que duas lombadas serão instaladas no local.
Já no que diz respeito à falta de estrutura para comerciantes retomarem o trabalho que exerciam no Jardim são Marcos, a resposta da Prefeitura foi apenas de que “o processo ainda está em trâmite”.
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